Quando chupo abacaxi, cada vez eu quero mais', canta paródia de Naldo. Empresário e fazendeiro no Nordeste usa ideias dos filhos para crescer.
Uma máscara amarela, uma camisa de manga longa e uma esponja de quase 5 cm de espessura escondem um empresário que tenta difundir sua marca sob o sol escaldante das areias de Ipanema e Leblon, na Zona Sul do Rio. Desde sexta-feira (8) berrando em praias cariocas, José Assis de Oliveira, ou simplesmente Assis, incorpora o trocadilho de seu personagem Abacaxi Fresco para vender a fruta numa embalagem de plástico por R$ 5, a exemplo do que dezenas de funcionários seus fazem no Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Paraíba. "Lá já está bombando", conta.
Na Cidade Maravilhosa há quase uma semana, vendeu, em média, 180 abacaxis por dia. Quanto às fotos, perdeu a conta: "Para cada produto que vendo, tiro três fotos. E isso é superado num dia cheio, como num domingo, por exemplo. O personagem é muito solicitado".
A roupa inusitada, num calor que às vezes ultrapassa os 40ºC, aguça a curiosidade do público, mas ele garante que a espuma reflete os raios. E aproveita para proteger do sol. "Por incrível que pareça, é espaçoso e me movimento bem. Não é tão quente quanto parece."
O calor, na verdade, é a menor das dores de cabeça de Assis, que cuida de ponta a ponta do abacaxi, da produção à venda. Empregador, fazendeiro, marqueteiro e administrador de empresas, ele planta os abacaxis numa longa extensão de hectares em sua propriedade na cidade de Itapororoca (PB).
Ideia do filho
Ideia do filho
As coisas iam bem, mas havia um problema. Apesar da venda em carradas se multiplicar pelos estados graças aos abacaxis de quase dois quilos, os menores eram rejeitados e iam para o lixo. Até que uma nova forma de lucro foi sugerida pelo pequeno xará e filho Assis, de 9 anos. "Por que não aproveitamos estes para cortar e vender pela praia?", sugeriu. À negativa, insistiu: "Ninguém vai te reconhecer, é só colocar uma máscara".
Surgia aí a semente do personagem, que se espalha pela orla do país, por meio de "franquias". "As empresas de suco pagam somente R$ 0,25 por polpa. Aqui, eu consigo com um abacaxi pequeno, de um quilo, vender em média três porções. Sempre tentei uma forma de aproveitar esse produto de menor porte e a aceitação tem sido fenomenal."
Apesar do sucesso, Assis não quer ficar definitivamente na cidade. Enquanto faz um "estudo de mercado" simultâneo às vendas, ele já pensa em patrocinar aulas de vôlei e futevôlei para associar seu abacaxi ao esporte e à saúde.
Paródia de Naldo
Paródia de Naldo
"Além de tudo, vou gerar empregos. Do Leblon a Ipanema, precisarei de 10 vendedores, no mínimo. Mas já, já, eu volto. Na terça (12), minha filha Alicia ligou pra sugerir uma música (uma paródia de "Amor de chocolate", do MC Naldo): 'Uísque ou água de coco / pra mim tanto faz / quando chupo abacaxi / cada vez eu quero mais'. Bateu uma saudade imensa, aí eu cantei várias vezes na praia para ver se passava".
Da redação
Com G1
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