quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Leia: 'O choro de Lula e as Olimpíadas', artigo de Roberto Cavalcanti

Roberto CavalcantiArtigo – O choro de Lula e as Olimpíadas

- Curta a vida, pois um dia, quando se aperceber, estará velho.
O conselho, que sempre procurei colocar em prática, veio da fonte mais confiável: minha mãe. Do jeito dela, reproduzia a dificuldade que o ser humano tem de dimensionar o tempo – e acompanhar seu ritmo.
De fato, muitas barreiras se interpõem entre o cronômetro e o homem e faz com que, no convívio e correria diários, não se consiga perceber os entalhes sutis que o tempo desenha sobre mente e corpo - tão imperceptíveis que, não raro, é preciso manter distância para enxergar seus efeitos.
Acho que isso já aconteceu com você: reconhecer, através dos olhos de estranheza e surpresa de amigos de não vê há muitas datas, que a “erosão” temporal atingiu a ambos. No espelho ocular diante de você, finalmente entende que o tempo realmente passa, o tempo de fato voa – mesmo que não perceba. 
Neste exato momento, por exemplo, me assusto ao constatar que, no domingo, completou dois anos que, aos prantos, Lula anunciou a vitória do País na disputa pelas Olimpíadas 2016.
Susto maior é perceber que ainda estamos comemorando. E só.
As lágrimas ainda não deram espaço à alegria pragmática de colocar em ação o maior evento esportivo do planeta. Onde estão as obras que as olimpíadas demandam e devem ser trampolim para que o Brasil se credencie como destino turístico de qualidade?
O vácuo das iniciativas governamentais para dotar o País da infraestrutura necessária se estende também aos investimentos no próprio esporte. Não vemos mobilização social para que se reedite aqui o que o fenômeno que a China conseguiu em sua olimpíada, quando o “exército vermelho” surpreendeu ao abocanhar a maioria das medalhas.
Definitivamente, não estamos nem construindo nem nos preparando para ocupar o podium. O Brasil parece não estar consciente de sua responsabilidade principal: a de que não pode fazer feio nas olimpíadas.
Feitas estas considerações, torço para que o País finalmente acorde e perceba que o tempo de comemorar já passou. O momento, agora, é de ser formiga e não mais cigarra.  Pois 2016, assim como o inverno da fábula, chegará. E mais rápido do que um velocista dos cem metros rasos.
COM PORTAL CORREIO

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